Começar pelo fim: é uma pena que os Efterklang só tenham conseguido passar por Portugal ao terceiro disco - o menos interessante do colectivo dinamarquês. O Musicbox encheu-se. A plateia estava esgotada e no palco não cabia mais ninguém. É sabido que os Efterklang trazem sempre muita gente consigo, em Lisboa eram 6, mas podiam ser mais. O concerto viajou, maioritariamente, pelo mais recente Magic Chairs" - afinal eles andam é a promover o novo trabalho – mas, se foi a primeira vez em solo nacional, podiam muito bem ter enveredado (MAIS!) por caminhos trilhados em 2004 ("Tripper") e 2007 ("Parades").
Com 2 encores, o concerto não foi muito mais do que morno. Os microfones estavam apontados para quase todas as bocas de quem estava em palco e ainda bem - aquela gente vocaliza que é uma coisa bem bonita de se ver e ouvir - e Casper Clausen, o "líder", é uma maravilha. Alto, desengonçado e de poupa a lembrar Conan O'brien trouxe sempre algum humor para a festa e não se cansou de agradecer pela oportunidade de tocar em Portugal. Mas o resto, aquilo que distingue os Efterklang do resto, não está em "Magic Chairs" e pouco ou nada esteve pelo Musicbox.
Desconhecemos se algum dos membros da banda foi pai nos últimos tempos ou se já corre pelo Wikileaks que o Benfica é campeão em 2011, mas a alegria em demasia de “Magic Chairs” e o excesso de "lugares comuns" (teclados que lembram Keane ou canções que se calhar nem ombreiam com uma qualquer do "Parachutes", sim dos Coldplay), não têm qualquer lógica para quem, para trás, havia conseguido dosear com mestria os sorrisos e as lágrimas (algures na plateia estava um coro feminino que sabia todas as letras da última edição dos dinamarqueses, o que poderá ser sintomático). São poucos os temas de "Magic Chairs" que merecem estar lado a lado com uma "Caravan", uma "Frida found a friend" (com a toada mais visceralmente melancólica e o impacto sonoro que faltou a grande parte do concerto) ou uma "Swarming" (se calhar, os 3 momentos mais altos do concerto) e é uma pena que assim seja. Por outro lado, elementos instrumentais chave nos primeiros discos da banda dinamarquesa não aparecem ao vivo, como é o caso do violino, ou têm um destaque bem menor (sopros).
Contudo, esquecendo os frutos secos e olhando para o bolo todo, há que afirmar que os Efterklang empolgaram o público, são de uma competência incrível e não falharam. São bons!
Na primeira parte, houve lugar para uma breve performance a solo de Frederik Teige, um dos membros dos Efterklang. Apenas com voz e guitarra eléctrica, o músico deu boas indicações, revelando aproximações vocais (e não só) a Eddie Vedder ou a Noiserv (mais minimal, naturalmente, que o fabuloso projecto do português David Santos). Mas, tocando apenas três ou quatro temas, foi muito curto para tirar grandes ilações.
Nota final: anda para ai muito boa gente a comparar Efterklang com Arcade Fire. Não faz sentido nenhum. Lá por terem muita gente em palco não quer dizer que sejam a mesma coisa. Os Keane e os Nirvana também são/eram 3…
Diogo Santos e João Torgal
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