Este Senhor é Amirali, nascido no Irão, adolescido no Canada e residente actualmente em Londres a propósito de uma bolsa para concluir os estudos, precisamente na arte de fazer casas, vulgo arquitectura, ou mesmo casas, vulgo house music. Sem ter produzido um único hit de pista de dança, conseguiu captar a atenção de Damian Lazarus, patrão da Crosstown Rebels, que de imediato resolveu assinar Amirali para se estrear pela sua discográfica. Percebemos pelo contexto que o que Amirali faz é música house, mas seria impróprio para um disque de soleil, se por aí ficássemos. Amirali tem formação clássica. Começou a tocar piano lá para os cinco anos de idade e desde esta ernurenta idade que vasculhava a extensa colecção de discos do pai, consumidor ecléctico de música clássica, jazz, blues e rock'n roll. Quando deixou o Canadá para se fixar em Londres, reconheceu que, mais que a arquitectura, o que o levava a novo poiso eram aspirações musicais.
O produto de tudo isto é In Time, um disco muito ambicioso colocando Amirali ao nível das abordagens electrónicas que os Depeche Mode ou os Radiohead troxeram ao Rock, uns vindos de experimentações disco bem sucedidas dos primórdios dos Human League, outros via do estabelecimento da IDM como género.
Amirali faz música pop, mas utiliza um outro paradigma electrónico para lá chegar.
A entrada a pés juntos The Harmonious Song é o cartão de visita para tudo o que não queremos encontrar num disco de música de dança. Esse arrojo nota-se também em Painting On a Canvas que depois de uma primeira parte de sugestões de ingredientes exóticos soltos, se vai arrumando com uma batida downtempo a piscar o olho ao dub, bem ao jeito de uns Massive Attack ou um Bonobo.
Uma das caracteristicas surpreendente deste disco é a forma como Amirali Utiliza a sua voz. Por vezes maquinal, Outras adoptando um misticismo andrógeno, mas sempre a provocar um sentimento de dissonância entre a base rítmica e dos teclados que a acompanham, colando-se ora a um, ora a outro.
Fica por aqui até sexta
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